Vislumbro o oportuno,
Miro o horizonte,
Mas meus pés estão submersos no cimento do chão.
Registrando contradições
Textos de Lucas Ramalho
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
quarta-feira, 9 de março de 2011
Detalhes meus
Três horas da manhã e deu uma vontade de fechar a porta e a janela, ligar o som e ouvir o disco do Roberto Carlos de 1971, cuja primeira faixa, “Detalhes”, é, certamente uma das maiores obras primas da música brasileira, fato estendido a todo o disco mencionado, embora isso não importe no momento, pois é sobre “Detalhes” mesmo que quis falar neste texto.
Num primeiro momento, a letra de “Detalhes” parece se posicionar como a visão de um homem, certamente obsessivo pela ainda amada ex-amante, acerca dos sentimentos desta mulher.
A fossa, contudo, de ouvinte insone e inspirado pela solidão da madrugada, fez-me abandonar, momentaneamente, a visão de duas pessoas apaixonadas, e posicionar o discurso da música em um personagem um tanto quanto abstrato. Eis que passei a enxergar, nesse momento, o eu-lírico não sendo um homem, mas um sentimento, um sentimento qualquer, um sentimento qualquer cujo dono não consegue esquecê-lo de forma alguma. A obsessão continua presente aí, mas, assim, percebo uma visão menos restritiva desta letra, afora as situações amorosas, ou algo assim.
Afinal, nós não temos controle sobre nossos sentimentos, sobre nosso lado irracional, e, por vezes, parece que é mesmo este lado quem nos domina, embora eu duvide até disso. A dúvida, nesse caso, é irrelevante, pois esta sensação é tão sufocante, tão agonizante, que tudo o mais importa nada.
Neste caso, são tais sentimentos, os detalhes tão pequenos de “nós dois”, que representariam, por sua vez, a bipolaridade entre o lutar contra tais sensações ou aceitá-las sem saber como lidar com elas. E detalhes pequenos tornam-se tão grandes para quem está imerso nesta luta, que sua pequeneza também não importa, assim como a já mencionada dúvida. Tudo o que importa é a corda enforcadora que parece estar eterna e rigidamente apensa contra o pescoço de quem continua a sentir a mesma sensação de sempre.
Mera ilusão. Afinal, a corda só se torna rígida pelo breve momento do estrangulamento, até consumada seja a rápida morte do condenado. Depois disso, a corda é cortada e o corpo, removido.
É... De qualquer forma, saber que a eternidade do enforcamento é ilusão também não parece importar muito...
Detalhes
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver...
Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver...
Se um outro cabeludo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
A culpa é sua...
O ronco barulhento
Do seu carro
A velha calça desbotada
Ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...
A noite envolvida
No silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu
Quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso
Mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim...
Se alguém tocar
Seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer
Meu nome sem querer
À pessoa errada...
Pensando ter amor
Nesse momento
Desesperada você
Tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim
Por isso
De vez em quando você vai
Vai lembrar de mim...
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito
Muito tempo em sua vida
Eu vou viver
Não, não adianta nem tentar
Me esquecer...
Num primeiro momento, a letra de “Detalhes” parece se posicionar como a visão de um homem, certamente obsessivo pela ainda amada ex-amante, acerca dos sentimentos desta mulher.
A fossa, contudo, de ouvinte insone e inspirado pela solidão da madrugada, fez-me abandonar, momentaneamente, a visão de duas pessoas apaixonadas, e posicionar o discurso da música em um personagem um tanto quanto abstrato. Eis que passei a enxergar, nesse momento, o eu-lírico não sendo um homem, mas um sentimento, um sentimento qualquer, um sentimento qualquer cujo dono não consegue esquecê-lo de forma alguma. A obsessão continua presente aí, mas, assim, percebo uma visão menos restritiva desta letra, afora as situações amorosas, ou algo assim.
Afinal, nós não temos controle sobre nossos sentimentos, sobre nosso lado irracional, e, por vezes, parece que é mesmo este lado quem nos domina, embora eu duvide até disso. A dúvida, nesse caso, é irrelevante, pois esta sensação é tão sufocante, tão agonizante, que tudo o mais importa nada.
Neste caso, são tais sentimentos, os detalhes tão pequenos de “nós dois”, que representariam, por sua vez, a bipolaridade entre o lutar contra tais sensações ou aceitá-las sem saber como lidar com elas. E detalhes pequenos tornam-se tão grandes para quem está imerso nesta luta, que sua pequeneza também não importa, assim como a já mencionada dúvida. Tudo o que importa é a corda enforcadora que parece estar eterna e rigidamente apensa contra o pescoço de quem continua a sentir a mesma sensação de sempre.
Mera ilusão. Afinal, a corda só se torna rígida pelo breve momento do estrangulamento, até consumada seja a rápida morte do condenado. Depois disso, a corda é cortada e o corpo, removido.
É... De qualquer forma, saber que a eternidade do enforcamento é ilusão também não parece importar muito...
Detalhes
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver...
Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver...
Se um outro cabeludo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
A culpa é sua...
O ronco barulhento
Do seu carro
A velha calça desbotada
Ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...
A noite envolvida
No silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu
Quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso
Mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim...
Se alguém tocar
Seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer
Meu nome sem querer
À pessoa errada...
Pensando ter amor
Nesse momento
Desesperada você
Tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim
Por isso
De vez em quando você vai
Vai lembrar de mim...
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito
Muito tempo em sua vida
Eu vou viver
Não, não adianta nem tentar
Me esquecer...
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Eu Te Amo
Sei que te amo,
Pois o faço como se não soubesse
Como se o que sinto
Antes mesmo de ser algo meu
Me dominasse
Sei que o sol
A cada novo dia nasce
Ao fim das noites mal dormidas
E logo me consolo
Pois lembro o teu rosto
Sorrindo
Sem preocupações
Sinto que o dolo das lamentações
É momentâneo
Pois estou contigo
E sei do jogo de amar
Sem nunca saber como fazê-lo
Sei
Eu te amo
Como se a dúvida fizesse parte do que sou
Das gangorras de minh'alma
Que não tardarão em te levantar
Tudo porque estou contigo
E nem que eu quisesse,
Conseguiria mais me livrar
Pois a completude que nos atrai
É algo realmente divino
Sei que te amo,
Nesse laço covalente
Onde te agarro
Onde te dou gozo
E onde tenho prazer de estar
E, quando, enfim, falho
Sei que não apenas
Irás me escutar
Me compreendes
Inclusive quando digo
Eu te amo
Sei,
Pois também sentes
Tu.
Pois o faço como se não soubesse
Como se o que sinto
Antes mesmo de ser algo meu
Me dominasse
Sei que o sol
A cada novo dia nasce
Ao fim das noites mal dormidas
E logo me consolo
Pois lembro o teu rosto
Sorrindo
Sem preocupações
Sinto que o dolo das lamentações
É momentâneo
Pois estou contigo
E sei do jogo de amar
Sem nunca saber como fazê-lo
Sei
Eu te amo
Como se a dúvida fizesse parte do que sou
Das gangorras de minh'alma
Que não tardarão em te levantar
Tudo porque estou contigo
E nem que eu quisesse,
Conseguiria mais me livrar
Pois a completude que nos atrai
É algo realmente divino
Sei que te amo,
Nesse laço covalente
Onde te agarro
Onde te dou gozo
E onde tenho prazer de estar
E, quando, enfim, falho
Sei que não apenas
Irás me escutar
Me compreendes
Inclusive quando digo
Eu te amo
Sei,
Pois também sentes
Tu.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Quando te fiz chorar
Tantas vezes já te vi sorrindo
Só eu digo o quanto é lindo
Mas foi apenas quando te fiz chorar
Que finalmente entendi o que era amar
Olhando no fundo do espelho
Desconcertante dos teus olhos vermelhos,
Minha alma em pranto me disse
Que nunca mais queria te ver triste
Quis que nunca tivesse te magoado,
Que tu nunca tivesses me amado,
Quis te dar um beijo, milhões de abraços, enfim,
Não queria mais saber de mim
E foi assim que percebi na beleza
Inigualável da tua tristeza
A sinceridade que me matou
O medo de amar o teu mesmo amor
Só eu digo o quanto é lindo
Mas foi apenas quando te fiz chorar
Que finalmente entendi o que era amar
Olhando no fundo do espelho
Desconcertante dos teus olhos vermelhos,
Minha alma em pranto me disse
Que nunca mais queria te ver triste
Quis que nunca tivesse te magoado,
Que tu nunca tivesses me amado,
Quis te dar um beijo, milhões de abraços, enfim,
Não queria mais saber de mim
E foi assim que percebi na beleza
Inigualável da tua tristeza
A sinceridade que me matou
O medo de amar o teu mesmo amor
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Bendito Veneno
O que você fez comigo,
Ingrata?
Hoje, motivo pro meu sorriso
Não falta
Me motivo a cada dia
Só por tua causa
Desejo querer de novo a boemia,
A solidão, a desgraça
Mas a verdade é que
Eu não consigo mais
Porque desde que te tenho
Provei o gosto da paz,
Bendito veneno
Quero me ver de novo
Daquele jeito, apático
Tão fraco, tão sujo, tão porco,
Frágil
Quero ser o rato que eu era
Antes de te conhecer
Ai, meu Deus, quem me dera
Não te amar pra poder
Mas a verdade é que
Eu não consigo mais
Porque desde que te tenho
Provei o gosto da paz,
Bendito veneno
E tudo o que você me faz
É trazer o melhor de mim
Desejo estar sempre atrás
Sempre a um passo do fim
Mas meu amor por você
Não me deixa mais sofrer
Ingrata?
Hoje, motivo pro meu sorriso
Não falta
Me motivo a cada dia
Só por tua causa
Desejo querer de novo a boemia,
A solidão, a desgraça
Mas a verdade é que
Eu não consigo mais
Porque desde que te tenho
Provei o gosto da paz,
Bendito veneno
Quero me ver de novo
Daquele jeito, apático
Tão fraco, tão sujo, tão porco,
Frágil
Quero ser o rato que eu era
Antes de te conhecer
Ai, meu Deus, quem me dera
Não te amar pra poder
Mas a verdade é que
Eu não consigo mais
Porque desde que te tenho
Provei o gosto da paz,
Bendito veneno
E tudo o que você me faz
É trazer o melhor de mim
Desejo estar sempre atrás
Sempre a um passo do fim
Mas meu amor por você
Não me deixa mais sofrer
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Durante o fim
Menina bonita, dona dos meus olhos,
De minhas bochechas, meus lábios, meu ócio.
Minha preguiça é culpa tua. É minha
Essa maldita mania de pensar em ti
Durante a luz do dia, durante a lua. Durante o fim
Da tarde ao novo pôr do sol.
É culpa tua, só tua. Só
Como me sinto quando não te vejo.
Quando eu, dona do meu nariz, não sinto o teu cheiro
Dona do meu ar, de todo o mar, dona da terra,
Dona de tudo. É quando, enfim, percebo
De minhas bochechas, meus lábios, meu ócio.
Minha preguiça é culpa tua. É minha
Essa maldita mania de pensar em ti
Durante a luz do dia, durante a lua. Durante o fim
Da tarde ao novo pôr do sol.
É culpa tua, só tua. Só
Como me sinto quando não te vejo.
Quando eu, dona do meu nariz, não sinto o teu cheiro
Dona do meu ar, de todo o mar, dona da terra,
Dona de tudo. É quando, enfim, percebo
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Indago Vago
De onde nasce a sobrevida de quem pensa que morreu?
Seria da vida que inda resta?
Seria do mal que já doeu?
Onde mora essa esperança que um belo dia se escondeu?
Nesse infinito mar de guerras?
Ou nesse sol que emudeceu?
Há quem creia, há quem conteste
E há outros, como eu,
Que não sabem nem o que vestem
Quanto mais do oculto, o breu
Há quem ore, há quem reze
Há quem peça e há, como eu,
Quem agradeça em solitária prece
Pelas fraquezas que Deus nos deu
Seria da vida que inda resta?
Seria do mal que já doeu?
Onde mora essa esperança que um belo dia se escondeu?
Nesse infinito mar de guerras?
Ou nesse sol que emudeceu?
Há quem creia, há quem conteste
E há outros, como eu,
Que não sabem nem o que vestem
Quanto mais do oculto, o breu
Há quem ore, há quem reze
Há quem peça e há, como eu,
Quem agradeça em solitária prece
Pelas fraquezas que Deus nos deu
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